A Chave de Salomão | Opinião | Maratona de Verão

Olá, Sussurradores!

Como foi o vosso fim de semana? Espero que o tenham aproveitado ao máximo, para passear, apanhar sol... Parece que o Verão chegou finalmente! 🌞🌞🌞

Hoje trago-vos mais uma opinião literária, pertencendo à Maratona de Verão em que estou a participar.

"A Chave de Salomão" de José Rodrigues dos Santos pertence ao desafio 13 - livro com assuntos polémicos.



Original: A Chave de Salomão
De: José Rodrigues dos Santos
Livro publicado através de: Gradiva
Ano de Publicação: 2014




Este livro é um mistério bem conseguido onde, no princípio, pensei que fosse sobre uma coisa, mas acabou por ser outra completamente diferente. Vê-se que o autor pesquisou vários termos científicos, para além de estudar a própria história científica presente para explicar ao leitor o que está a acontecer na acção.

O raciocínio presente através de Tomás, como ele chega ao que realmente é o projecto "Olho Quântico" e quem realmente matou o director da CIA, Frank Bellamy, é deveras impressionante, sem perder o estilo português com as suas expressões típicas. Para além do humor entre a personagem principal e Maria Flor que acaba por amenizar a complexidade da história em si.

Achei, porém, um bocadinho exagerado os Americanos saberem Português, mas talvez seja possível dado que a nossa língua é a 5ª mais falada no Mundo.

A polémica deste livro - que, de início pensei estar relacionado com a Igreja e a pesagem de almas, se realmente o ser humano possui algo a que chamamos alma e se é possível pesá-la ou se é algo que simplesmente existe em nosso redor - acaba por se tornar em algo estilo "Big Brother", a contínua observação e monitorização das pessoas, com ou sem o seu consentimento; o querermos estar protegidos, mas ao mesmo tempo querermos ter a nossa privacidade - contudo, mal sabemos que, de alguma forma, já estamos a prescindir dela com as redes sociais.

E a premissa é exactamente esta para a criação do projecto "Olho Quântico", um programa de observação de pessoas e acontecimentos de forma a prever ataques terroristas e acontecimentos do género.

Verdade ou não, no livro também existe uma divisão entre os cientistas sobre o que é a realidade. Será que somos nós que a fazemos, seres conscientes? Ou será algo superior? Será o Universo uma entidade por si só - um ser consciente - que nos observa e constrói a nossa realidade?

Fica aqui a questão: será o papel da observação que cria a realidade ou a realidade já existe sem haver observação?

No geral, achei a história envolvente, interessante e bastante curiosa com as questões que deixa no ar e que me pôs a pensar. Sim, demorei o meu tempo a ler o livro, mas avançava rapidamente quando me dispunha a lê-lo. E fica aqui o aviso, aquilo que parece que é, não é.

Tenho a dizer que gostei na nota de autor, no final do livro. Senti-me algo como uma decifradora, como naquelas séries e filmes do género, pois José Rodrigues dos Santos deixa-nos um desafio, um enigma para decifrar e aconselho a fazê-lo se alguma vez lerem o livro. Vale a pena e deixa a dúvida sobre a nossa realidade alojada na nossa mente.

Frase favorita: "A ironia, porém, é que o próprio escritor era, ele também, uma criação. Talvez esse autor não o soubesse, ou talvez já o tivesse entendido. Em todo o caso isso era irrelevante. O facto é que se o universo é consciente e se a consciência cria literalmente a realidade, então o autor das aventuras de Tomás Noronha é, também ele, uma personagem de ficção, o mero produto da imaginação consciente do universo que o criara." (pág.605)

Até ao próximo post!

Iria Alexandra Cardoso

Ps: Imagem Goodreads.

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