Ler ou Não Ler, eis a questão..., de Iria Alexandra Cardoso | Apontamentos

Olá, sussurros!

Hoje o tema vai ser um bocadinho diferente.

Tenho vindo a notar um crescente descontentamento na comunidade livrólica, eu incluída, em relação a afirmações parvas como: porque lês tanto, porque não páras de ler, não devias ler tanto, devias sair mais em vez de ficares casa a ler... Entre muitas outras.

Será que as pessoas que dizem isto não entendem que quem lê encontra prazer num livro, encontra aventura e um escape ao mundo real, da mesma forma que alguém que vai ao ginásio ou fazer caminhadas na natureza? Não estou a dizer que quem lê não faça isto mesmo, é saudável fazê-lo, mas ler é um passatempo como outro qualquer, oferecendo tão ou mais satisfação como outro qualquer. Apenas é mais parado que outros. 

Uma situação que me vem à cabeça é de um jogador do Sporting, António Pedro Santos, em que há pouco tempo veio a notícia de que ele é um jogador atípico pois prefere ler enquanto espera pelo jogo do que estar no smartphone como os restantes colegas.

Pessoas por esse mundo fora: Ler é saudável, faz funcionar o cérebro, transmite conhecimento, faz passar o tempo e ajuda na saúde mental.

Há alguns meses atrás tive a experiência de estar na paragem de autocarro, a ler, e enquanto esperava pelo transporte, um senhor de idade parou ao meu lado, até bastante próximo tenho a dizer e, ao fim de algum tempo, disse-me: "pare de ler que isso faz mal, não devia ler". Inicialmente, não liguei, mas depois apercebi-me que estava a falar para mim e apenas olhei para ele. Disse estas frases duas/três vezes até que acabei por me afastar, para não ser mal educada, dado que o senhor tinha idade para ser meu avô e eu tenho respeito pelos mais velhos. Reflectindo, e apesar de já ter sido há algum tempo, e ainda nem acredito que isto tenha acontecido. Será que este senhor diz o mesmo àqueles jovens e adultos que andam com os olhos postos nos ecrãs dos smartphones? A esses é que ele devia estar atento.

Contudo, tenho a dizer que existem sempre coisas boas quando se lê.

Mais uma vez, mas já dentro do autocarro, sentei-me em frente a uma senhora. Tirei o meu livro e pus-me a ler, como sempre faço. Ao fim de algum tempo, a senhora interrompeu-me, perguntando-me que livro estava a ler - na altura era "Um Mundo à Beira de um Ataque de Nervos" de Matt Haig - e disse-lhe, explicando sobre o que tratava. Acabamos a falar sobre o estado do mundo e das pessoas. Foi uma conversa e viagem agradáveis.

E agora, pergunto: será que vocês, amantes dos livros, sentem o mesmo que eu quando alguém desconhecido, ou até mesmo conhecido, vos dizem para parar de ler ou perguntam porque é que lêem tanto, acabando por não dar importância à vossa resposta, seja ela qual for? 

Será que o acto de ler, seja qual for o tipo de livro, está em extinção? Pessoalmente, não acho. Apenas sinto que existe uma espécie de preconceito quanto à liberdade para o fazer. Será que também é necessário começarmos a ser preconceituosos com aqueles que passam horas no ginásio? Ou no smartphone? E chamá-los à atenção para tal?

O que acham, amantes dos livros?

Até ao próximo post!

A vossa sussurradora...

Ps: Imagem Pinterest.

Comentários

  1. Adorei seu post. Redescobri o mundo na leitura, tem sido meu aconchego nos dias difíceis e festa nos dias alegres. Não entendo como podem achar q isso não faz bem. :)

    https://objetivoliterarioar.blogspot.com

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