"O Teu Arco-Íris" de Iria Alexandra Cardoso | Apontamentos

Boa Páscoa, sussurros! 

Acho que toda a gente sabe o quão difícil este ano está a ser, certo? E ainda só vamos no mês 4...

Só espero que todos estejam bem, que se mantenham protegidos, que mantenham protegidos os vossos entes queridos e só saiam de casa apenas quando é necessário. Se todos ajudarmos, de certeza que isto passará mais depressa.

Este post é mais um desabafo... Podem ler ou não, mas espero que estejam bem aí desse lado, que as vossas famílias se encontrem bem e agradecer o vosso contínuo apoio ao blog.

🌈🌈🌈🌈🌈

Março foi, de facto, um dos meses mais difíceis que já tive. Não devido ao vírus, apesar de estar grandemente relacionado, mas devido a algo mais pessoal. Uma das pessoas que mais amo, que mais me dá força (e que é a Força personificada), que mais me apoia e ajuda a manter os meus pés na terra, adoeceu. E foi uma das coisas mais apavorantes que já vivi. 

Aquele primeiro dia foi de incertezas, de aborrecimentos, de introspecção, terminando com a certeza de que havia algo que estava fora do meu controlo.

O segundo dia foi de alívio por finalmente a ver, constatar que a dor tinha passado e saber o que a estava a causar. Já o terceiro foi de organização, de ter a noção de que havia coisas a fazer e isso era bom.

Os dias seguintes, as duas semanas seguintes, foram as piores. Ao quinto dia, devido ao surto deste vírus maldito, o hospital proibiu as visitas e, dias mais tarde, o Governo decreta a malfadada Quarentena. Mais uma vez, a desolação assolou-me. Apesar de saber que ela estava bem, que estava a ser bem cuidada, que estava a recuperar e no melhor sítio possível para o caso de o seu estado se agravar, não a ver fez-me ficar zangada com o mundo - principalmente quando ouvi nas notícias sobre aquelas pessoas que quebravam a quarentena para ir para a praia. Para a praia?! Claramente, são pessoas que não pensaram na sua saúde ou na dos outros, e até naquelas tantas na minha situação que gostariam de visitar familiares e amigos internados e não podiam, pois cumpriam o isolamento imposto.

A fúria era muita e, ao longo daqueles dias, vê-la através de vídeo-chamada ajudou mas não é era o mesmo.

Ao décimo terceiro dia, décimo primeiro sem a ver, finalmente pude fazê-lo em carne e osso. O alívio percorreu-me, pois finalmente vi-a como já há muito tempo não a via - ver alguém querido ficar frágil dia após dia, sem saber o que fazer ou dizer, é difícil e desconcertante. E, apesar de enfraquecida pela situação, vi que ela estava bem, com bom aspecto e isso ajudou a que o aperto do coração afrouxasse. Foi bom.

Uma semana depois já estava em casa. Internamento domiciliário, algo que apenas tinha uma vaga ideia do que era. O hospital decidira que era o melhor, pois análises e exames mostravam que a sua recuperação podia continuar no conforto familiar, tendo em conta o clima que se vivia e ainda se vive nos hospitais.

Todos aqueles dias passaram devagar... Em retrospectiva até parece que passaram rápido.

Devagar ou não... Rápido ou não... Dias são dias e foram dias difíceis em que as emoções estavam ao rubro, em que a sensação de controlo tinha desaparecido, a raiva estava sempre presente e as lágrimas caíam quando a ansiedade era demais.

E, sim, ela está bem. A próxima fase será um desafio, mas é disso que a vida é feita.

Reflectindo, sinto que saí diferente desta "experiência" em que, por vezes, parecia estar a acontecer a outra pessoa.

Se leram até agora, perdoem-me pelo desabafo. É o texto que é, é um texto quase inocente, de verdades que numa qualquer fase da vida aparecem de repente e nos caem em cima, desfazendo certas noções e ideias, mostrando incertezas e fragilidades. Verdades que nos fazem olhar em volta, compreender quem e o que é mais importante.

Sim, este texto é um desabafo mas também é um agradecimento:
  • Àquela primeira médica das urgências que explicou tudo, "timtim por timtim", o que estava a acontecer e o que era necessário fazer. 🌈
  • À equipa de médicos e enfermeiros que cuidou no Hospital de S. João. 🌈
  • À equipa de médicos e enfermeiros que durante nove dias visitou, oferecendo sempre ajuda, conversas e sorrisos. 🌈
  • Ao meu grupo de amigos mais chegados que, mesmo à distância, me deram a sua força e as suas palavras para não me sentir tão sozinha. 🌈
                                                     Obrigada!

Terminando, deixo-vos com um texto da minha autoria. Algo que escrevi a pedido para oferecer e que, curiosamente, tem como tema o Arco-Íris, o símbolo desta crise sanitária que veio para ficar.

Dedico o seguinte texto a todos os incansáveis técnicos de saúde que combatem este vírus, a todas aquelas pessoas que não podem ficar em casa, pois o País não pode simplesmente parar, e a todas aquelas pessoas que já pereceram e nos olham lá de cima.

"O Teu Arco-Íris" de Iria Alexandra Cardoso (7/07/2016)

7 são as cores do arco-íris...

Linhas brilhantes, como tu que agora és uma estrela no céu...

Nele poderás brincar, saltar...

Correr, rir por entre a magia que agora te pertence...

E quando a chuva parar e o Sol aparecer por entre as nuvens...

Lá estarás para tornar o cinzento em cintilante...

E colorir o céu com a magia das cores.

🌈🌈🌈🌈🌈

Tenham uma boa semana...

A vossa sussurradora...

Ps: Imagem Pinterest.

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